EDVAR
FREIRE RECOMENDA
Li e Recomendo):
Com meus escassos conhecimentos de literatura, permito-me afirmar que Antônio
Saracura atingiu a maturidade na arte de escrever. Não sei por que essa leitura
me fez associar “Pássaros do entardecer” ao romance de reconhecimento mundial
“Almas mortas”, do russo Nikolay Gogol um dos mais consagrados de todos os
tempos.
Reportei-me ao russo pela simplicidade em descrever, de forma cinematográfica,
lugares, cenas e personagens que quase conseguimos ver e sentir. Vejo aí a
maturidade do escritor itabaianense debulhando na pena as aventuras de um homem
comum, Zé de Ulisses, que decidiu conhecer o mundo que separava a sua Terra
Vermelha do sonho de enricar em São Paulo, por décadas agarrado ao seu inseparável
“caixão de europas” (Sua mala).
Nesse livro, querida leitora ou caro leitor, você vai viajar por dias e
noites sem fim em pau-de-arara, por 4, 5, 6 dias de poeira, calor e frio até
chegar no Eldorado de quase todos os nordestinos, São Paulo dos idos de 1950,
60, 70...
O casamento de Zé de Ulisses, com Zilda, companheira de fortunas e infortúnios,
seus 9 ou 10 filhos, o reencontro com um filho que não conhecia, que apareceu décadas
depois, fruto de uma aventura em uma viagem de pau-de-arara de São Paulo para
Sergipe, quando namorou uma alagoanazinha. Por ela o nosso herói correu risco
de morrer por vingança.
Devaneios, conquistas, perdas, riscos, tudo entranhado com histórias
amor e amizade, acertos de contas, traições... O personagem Omerin, poeta
cordelista, sonhador incorrigível que encontra o amor de sua musa, a inatingível
Branca, por conta de uma novilha parida e endiabrada que, estranhamente,
permitiu que o poeta se aproximasse, acarinhasse e esvaziasse seus peitos
doloridos.
O retorno de Zé de Ulisses para sua querida Itabaiana, o pioneirismo
como primeiro plantador de batata inglesa em Sergipe, trazendo sementes de
Santa Catarina, depois do Rio Grande do Sul, em incontáveis viagens de caminhão.
No crepúsculo dos seus anos, reencontros inimagináveis com companheiros
de mocidade, a entrega do velho “caixão de europas” para a Casa de Cultura
Nordestina, na Rua Sergipe, em São Paulo, criada por um pássaro de migração,
seu amigo dos tempos de aventura, quando plantava roças de mandioca desbravando
matas entre São Paulo e Paraná.
Pássaros do entardecer, um livro que você lê e fica com saudades: Li
& Recomendo
(Edvar Freire)

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